Gêmeas Monica e Monique Sperandio
 escrevem livro a quatro mãos



Por Carina Gonçalves

Existe um ditado popular que diz que as pessoas devem realizar algumas coisas na vida: ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. Para cada atividade, há uma fase e não importa a ordem em que aconteçam.

Dentro deste perfil, encontramos duas adolescentes que já iniciaram este processo. Elas são bonitas, inteligentes e gêmeas! Isso mesmo, Monique e Mônica Esperandio têm 17 anos e, além do fato de serem idênticas fisicamente, gostam de temas e assuntos parecidos, o que as levou a ingressaram na literatura nacional com o livro Sete Vidas (Editora Underworld), publicado no ano passado.

A obra, que foi feita a quatro mãos, percorre por um universo paralelo a realidade humana, levando o leitor a exercitar a imaginação e viver uma aventura que gira em torno de uma garota com poderes sobrenaturais. As gêmeas curitibanas, estudantes de Letras pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) também são leitoras assíduas, com a marca de 90 livros lidos por ano cada uma. .

Com personalidades fortes e extremamente simpáticas, elas explicam tudo sobre seus ideais e sobre o livro em uma entrevista exclusiva para o Radar Saraiva. Confira abaixo o bate-papo com as gêmeas autoras:

- Sete Vidas foi a primeira obra escrita por vocês duas?

Mônica e Monique. Não. Aos 15 anos escrevemos O Diário de uma Adolescente Mascarada, que não foi publicado. Encaminhamos para algumas editoras e aguardamos um ano, mas preferimos deixá-lo de lado, pois ele não estava cru demais e faltava muito para ser um livro bom. Deixamos na gaveta por tempo indeterminado.

- Por que escrever juntas?

Mônica e Monique. Gostamos de compartilhar nossas ideias e nos demos bem nesta parceria.

- Pretendem continuar a escrever em dupla, sempre?

Mônica e Monique. Pretendemos seguir escrevendo juntas sim, pois sozinhas não tem graça.

- Como foi escrever um livro a quatro mãos?

Mônica e Monique. Foi uma tarefa árdua. Nem sempre nós concordávamos com as ideias da outra e na maioria das vezes acabávamos discutindo sobre isso. Mas, no fim, sempre chegamos a um acordo que melhor direcione a história.

- Como vocês fazem a divisão para a composição de um livro?

Mônica e Monique. Sobre a divisão: antes de começar um livro, nós sentamos e fazemos uma reunião, onde discutimos sobre quem vai escrever o que. Normalmente, o livro é dividido em cenas, ou seja, cada uma escreve uma cena ou capítulo e a outra sempre revisa, acrescentando coisas ou retirando.

- Há novos projetos para o futuro, novos livros?

Mônica e Monique. Com certeza! Nós estamos sempre escrevendo algo, não conseguimos ficar paradas. Mas por enquanto não queremos divulgar nada precipitado. Podemos dizer que os leitores podem esperar, para a próxima obra, uma personagem corajosa que salva vidas.

- Como vocês idealizam e colocam no papel as histórias e os personagens?

Mônica e Monique. Normalmente as histórias são baseadas em coisas que já aconteceram com a gente ou com pessoas ao nosso redor. A inspiração vem da própria vida real. Com os personagens principais, a mesma coisa. Cada personagem reflete um lado da gente. Seja coragem, medo, vontade de viver, necessidade de salvar vidas, etc.

- Como surgiu a inspiração para o livro Sete Vidas?

Mônica e Monique. A inspiração de escrever em conjunto o livro Sete Vidas (Editora Underworld) surgiu depois que nós duas sonhamos, por diversas noites e ao mesmo tempo, com água.  Ficamos quase uma semana sonhando com lagos, rios, mares e piscinas. E como estávamos querendo uma ideia nova para escrever um livro, isso serviu como uma luva. Depois, ao aprimorarmos melhor nossa proposta, pensamos em misturar mitologia egípcia, que se encaixou perfeitamente na história.

- Quanto tempo vocês demoraram na construção e finalização do livro?

Mônica e Monique. Levamos mais ou menos quatro meses para escrevê-lo e revisá-lo. Foi um período rápido e prazeroso.

- Foi muito difícil desenvolver a obra?

Mônica e Monique. Foi sim. Porque era a primeira vez que escrevíamos algo sobrenatural, que envolvia segredos, lutas e uma trama bem montada. Tivemos que quebrar um pouco a cabeça para encaixar tudinho, mas no fim deu super certo.

- Qual o enredo do livro Sete Vidas?

Mônica e Monique.  A história gira em torno de uma garota chamada Aprilynne, que é desafiada a pular em um lago pela sua inimiga. Ao entrar no lago, ela se depara com o corpo de uma menina morta. É a partir daí que as coisas começam a complicar para a nossa personagem. April passa a ter visões/alucinações com uma deusa egípcia, que no final tudo vai se encaixar para que ela descubra quem é a garota morta no lago e o porquê de ela estar ali.

- Por que a aposta em literatura fantástica?

Mônica e Monique. A aposta no tema do livro se deu porque gostamos muito deste gênero. E percebemos um crescimento significativo na procura por livros que seguem esta linha, especialmente aqui no Brasil.

- Qual a mensagem que vocês passam no livro Sete Vidas e para qual público ele é indicado?

Mônica e Monique.  Bom, a personagem principal é corajosa e sempre vai fundo para descobrir o que a incomoda. Queremos passar essa mensagem para os leitores. Que sejam corajosos, sempre lutem pelo que acreditem e nunca desistam. Ele é voltado para o público juvenil, mas pode ser lidos por todas as idades. Até as mães das leitoras têm roubado das filhas para ler e as elas têm adorado! Ficamos muito felizes mesmo em saber que o livro está agradando o público adulto também.

- O que vocês esperam sobre o livro Sete Vidas?

Mônica e Monique. Esperamos que ele seja um sucesso, é claro (risos). Como livro de estreia, queremos que ele faça com que as pessoas se identifiquem com a história e se sintam animados ao lê-lo, para, assim, conseguirmos bons e fieis leitores.

- Vocês já participaram de algum evento literário?

 Mônica e Monique. Sim, participamos da Bienal do Livro no Rio de Janeiro e foi incrível! Uma loucura, para falar a verdade. As pessoas nos receberam super bem e os leitores foram super carinhosos e fofos! Teve até fila para nos ver, vê se pode! Aprendemos muitas coisas com este evento. Foi uma experiência única e com certeza pretendemos ir a outros. Uma das partes mais gostosas de ser escritora é poder tem esse contato com os leitores!

- O fato de cursarem Letras na UFPR foi um indicativo para que iniciassem na carreira de literatura?

Mônica e Monique. Na verdade foi ao contrário. Porque queríamos ser escritoras é que prestamos vestibular para Letras. Mas acontece que o curso não é tão voltado para os escritores. Letras é um curso mais centrado na lingüística e não na escrita, infelizmente. Mas aproveitamos o conhecimento para melhorar nossos textos.  

- Como é a relação de vocês com os estudos? Sempre foram muito dedicadas ou disciplinadas com a formação intelectual?

Mônica e Monique. Estudamos sempre em um colégio muito bom, rígido, que nos deu as melhores ferramentas para que pudéssemos ter sucesso no vestibular. Nós não éramos do tipo super estudiosas, para o desespero dos nossos pais, mas sempre conseguíamos passar. Íamos muito bem a Química, Biologia, Português, História e Geografia. Matemática e Física é que era o terror.

- Além de escritoras, quais são os planos de carreira para o futuro?

Mônica e Monique.  Somente isso. Queremos viver de literatura no Brasil e acho que podemos sim conseguir isso, mas vamos ter que lutar muito para conquistar espaço.

- Qual relação que vocês gostariam de desenvolver com os seus leitores?

Mônica e Monique.  A melhor possível! Os leitores são super incríveis, sempre nos enchendo de mensagens boas e positivas em nosso twitter (@gemeass) e no nosso Facebook. Adoramos mesmo interagir com eles e acreditamos ser muito importante esta relação de troca.

 QUANDO O ASSUNTO É SOBRE LIVROS:

- Quais os livros que vocês já leram e indicariam para os seus leitores?

Mônica e Monique. Nick & Norah, da Rachel Cohn e David Levithan; Jogos Vorazes, da Suzanne Collins; todos da Meg Cabot; Cidade dos ossos, da Cassandra Clare; Onde habitam os dragões, do James Owen; Luxo, da Anna Godbersen; Menina Morta-Viva, da Elizabeth Scott, e A caminho do verão, da Sarah Dessen (vamos parar por aqui senão iremos ocupar a matéria toda só com indicação de livros).

- Qual autor ou autora vocês se identificam mais ou indicam para leitura?

Mônica e Monique. Os textos da Tati Bernardi, que é roteirista de cinema e TV, além de escritora dos livros A mulher que não prestava A menina da árvore, com vontade de uma coisa que eu não sei o que é, e A menina que pensava demais - diário de uma ET, além de todos os livros citados acima.

- O que vocês acham sobre jovens e a leitura? Acreditam que esta relação está de acordo e os jovens lêem o suficiente?

Mônica e Monique. Achamos maravilhoso o fato de os jovens estarem lendo tanto ultimamente. É claro que ainda a literatura precisa ser mais incentivada aqui no Brasil, mas pelo que nós temos observado, nosso país já está no caminho certo para ter os melhores leitores jovens. Há muito incentivo para que isso aconteça. Podemos ver várias propagandas e campanhas, apesar de ainda não serem suficientes. A escola deveria incentivar mais, indicando livros mais interessantes e de mais fácil leitura. Do que adianta a escola obrigar os alunos a lerem Dom Casmurro? É óbvio que os alunos irão torcer o nariz e fazer cara feia. Primeiramente precisamos ensinar aos jovens como se ler livros gostosos e divertidos, para somente depois darmos a eles livros clássicos que são mais densos e requerem mais concentração e entendimento.