“Os viventes”



O escritor e imortal Carlos Nejar lança o livro “Os viventes”. Publicado pela primeira vez em 1979, a obra ganha nova edição pela Editora LeYa Brasil com 300 novas “criaturas poemas”, como define o autor.
O poeta Carlos Drummond de Andrade afirmou, à época da primeira edição: “É obra que, sucedendo ao canto anterior e antecipando o canto que continuará extraindo de sua mina poética, nos dá um belo exemplo de permanência e invenção contínua”.  Palavras proféticas, pois Nejar afirma que voltou à redação dos “viventes” logo após a publicação do livro, adicionando personagens e tópicos.
Novos capítulos foram criados, como “A casa dos nomes”, morada dos entes familiares e íntimos do autor; “A arca da aliança”, onde habitam personagens do Velho e do Novo Testamento; ou ainda “Entre o bem e o mal: baldeações”, em que mitos como Sísifo e Narciso coabitam com figuras históricas como Napoleão Bonaparte, e criaturas da arte como os bufões de Velásquez e as figuras de Goya.  Fazendo uso do sentido original da palavra, de que “vivente é tudo o que tem fôlego, sopro de vida”, Carlos Nejar criou também o “Livro das bestas e insetos”.
Nestes poemas, Nejar não expressa apenas sua profunda afeição pelos seres reais e imaginários, mas procura resgatar, de cada um, a essência tantas vezes esquecida ou menosprezada. Para o poeta, todas as criaturas estão de alguma forma unidas, pois “não há pátria/a quem ama”. Produz assim uma obra única no panorama da poesia contemporânea brasileira, pela multiplicidade de vozes que apresenta, construindo a um só tempo um mosaico amplo, diverso e coeso.   Abaixo, trechos de algumas “criaturas poemas”:


E ao se derreter no Sol a cera,
não pude mais conter a humanidade
que foi caindo junto. Nem se espera
da ambição mais que o breve tempo há de
arder no tempo e se mostrar perempto.
E por erguer-me além, cegou-me o vento”.
(Ícaro)

“Cortei a minha orelha,
para não cortar o tempo.
Para não cortar o grito
de minha cara. Para
não cortar a grama
sobre a tumba, que, hoje,
cresce. Para que possa
entrar no Reino, com
ouvidos novos. Um deles era
gasto e queria delirar
além de minha vontade
e eu cortei. Cortarei
sempre que algo me impedir
a obra que se desvairou
de alma.”

(A orelha de Van Gogh)



Ficha Técnica
Título: Os viventes
Autor: Carlos Nejar
Nº de páginas: 560
Preço: R$ 69,90

Fonte: assessoria de imprensa da Editora Leya