História íntimas
Sexualidade e erotismo na história do Brasil
  


A obra lançada pela Editora Planeta, da historiadora Mary del Priore, mostra resultados de sua pesquisa sobre hábitos e costumes brasileiros ao longo de cinco séculos.

Nudez e pudor, hábitos de higiene, afrodisíacos, crendices, homossexualidade, prostituição, o surgimento da lingerie, a popularização do biquíni, remédios caseiros para aborto, bailes de Carnaval e a revolução sexual. A partir de uma vasta pesquisa histórica sobre estes e outros temas, Mary del Priore traça a trajetória do sexo em nosso país em seu novo livro pela Editora Planeta, Histórias íntimas - Sexualidade e erotismo na história do Brasil.

Com uma narrativa leve e envolvente, a autora detalha, com impressionante riqueza de detalhes, as preferências, os hábitos e os costumes de cada época que resultaram em nossa sociedade contemporânea, vista por ela como ávida por sexo. “Se antes o sexo era proibido, hoje ele é obrigatório. Atualmente gozar tornou-se praticamente um dever das pessoas”, acredita.

Mary questiona também o caráter do brasileiro, que em sua opinião apresenta uma dupla moral: “em casa somos racistas em segredo, mas na rua ou em grupo somos politicamente corretos. As agressões contra os homossexuais nas grandes cidades estão aí para comprovar”.

Curiosidades

Além de um livro riquíssimo em termos históricos, a extensa pesquisa rendeu diversos fatos e frases curiosas. Nos séculos XVII e XVIII, por exemplo, a mulher era vista pela Igreja como venenosa e traiçoeira, considerada uma das formas do mal sobre a terra, um “ninho de pecados”. Por causa dos mistérios de sua fisiologia – fluxo menstrual, odores, líquido amniótico e outras secreções – seu corpo era apontado como impuro.

Mary destaca que o século XIX foi o do adultério e que o exemplo vinha de cima, ou seja, da família real, ilustrando casos de nobres personagens, como o insaciável D. Pedro I. Mas o adultério era “válido” apenas para os homens, já que às mulheres, submissas, cabia aguardar em casa seus maridos. Entre os “súditos”, “fazia-se amor com a esposa quando se queria descendência; o resto do tempo era com a outra”.

Finalmente, o século XX “descobriu” o corpo. Mary aponta que a multiplicação de ginásios e de professores de ginástica, o incentivo ao exercício, o trabalho nas ruas, a aceleração das cidades, tudo isso fez com que as mulheres abandonassem a simbólica couraça em que estavam até então, e que as protegia do desejo masculino, e passassem a se expor publicamente. O espartilho deu lugar à lingerie. Surgiram também os primeiros nus em teatros e os filmes e revistas eróticas, até que os anos 60 e 70 trouxeram o biquíni e a revolução sexual, enquanto os anos 90 e 2000 apresentaram as mulheres chefes de família.

A autora - Especializada em História do Brasil, Mary del Priore é reconhecida por transformar fatos históricos em deliciosas crônicas. Ela explica que a pesquisa para este livro foi acumulada durante mais de dez anos, em razão de suas outras obras ligadas à questão da sexualidade. A pesquisa incluiu arquivos de bibliotecas, museus e veículos de comunicação.

Com mais de 20 livros publicados, a historiadora recebeu diversos prêmios, entre eles o Jabuti por História da Vida Privada e História das Mulheres no Brasil. Pela Planeta publicou Uma Breve História do Brasil, em conjunto com Renato Venancio, em que narra os hábitos dos povos que fizeram do passado o nosso presente: o que comiam, como se vestiam, em que deuses acreditavam, o que temiam e o que amavam. A partir da descrição dessas curiosidades, aborda as estruturas política, econômica e social e sua evolução no tempo até os dias de hoje.  Mary lecionou em diversas universidades do país e continua dando aulas. Atualmente, mora em uma chácara, na região serrana do Rio.

Ficha Tecnica:
História íntimas - Sexualidade e erotismo na história do Brasil

Autora: Mary del Priore
Editora: Planeta
Páginas: 256
Preço: R$ 29,90

Fonte: assessoria de imprensa Lu Fernandes  Comunicação