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Com apenas vinte e poucos anos, iniciante no mundo das letras, o jovem Yuri Vieira teve uma experiência transformadora: contratado como secretário informal da escritora Hilda Hilst, morou por dois anos com ela na famosa Casa do Sol, como era conhecida a residência da autora. O que viveu por lá está registrado em “O exorcista na Casa do Sol”, que chega às livrarias em julho pela José Olympio. No mesmo mês, Hilst será a homenageada da edição deste ano da Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip.
Com base em memórias, e-mails e anotações feitas à época, Yuri narra o cotidiano da casa, sempre cheia de moradores e passantes, além de mais de setenta cachorros. Suas observações vão desde a rotina banal de uma velha senhora vendo novela junto de seus cães até experiências perturbadoras com viagens astrais, fantasmas e ETs – formando algo que não é uma biografia de Hilda Hilst, mas sim um testemunho de um período importante da vida de uma das maiores autoras da literatura brasileira.
“Eu saí dali me conhecendo muito melhor do que quando entrei. Creio que quase todo escritor sonha em morar e trabalhar num local assim. Hilda realizou esse sonho. Não sei se os visitantes de hoje conseguiriam imaginar o quão fascinante era viver ali, debatendo, rindo e especulando diariamente com uma das personalidades mais complexas e impressionantes que já conheci. Espero que meu livro possa ajudá-los nesse sentido”, conta Yuri em entrevista ao Blog da Record.
Em uma narrativa dividida em episódios, Yuri conta casos como o que dá nome ao livro: uma noite felliniana, em suas palavras, assistindo ao filme “O exorcista” ao lado de Hilda e do poeta Bruno Tolentino. O autor constrói ainda um retrato da escritora distante do senso comum: para ele, Hilda não era nem santa, nem obscena e nem progressista. “Ela não gostava de ser vista apenas como uma escritora irreverente. Curiosamente, hoje em dia vejo muita gente falando dela como se tivesse sido uma santa. (...) Apesar de sua constante preocupação com a presença ou ausência de Deus, santa ela nunca foi. Apesar de ter tido muitos namorados e amantes, cortesã ou devassa ela nunca foi”, defende Yuri.
TRECHO:
“Nossa amizade foi evoluindo. Mas essa diferença entre o antes e o depois saltava aos meus olhos quando, em minha presença, outras pessoas a encontravam pela primeira vez: de repente, minha “amiga adolescente que se interessava pelas mesmas coisas que eu”, e que só vestia a carapuça de mestra quando eu dizia uma grande besteira, se transformava em quem realmente era: um colosso literário. Ninguém que a tenha conhecido em sua casa jamais se esquecerá da sua presença marcante, de sua sinceridade sem papas na língua, e de sua modéstia aristocrática. Quando as visitas iam embora, ela me perguntava:
– Como me saí? – E então sorria. Tinha plena consciência do teatro do mundo e de seu papel nele.”
Yuri Vieira é escritor e cineasta paulistano, radicado em Goiânia. Publicou seus primeiros textos no jornal El Dia, no Equador. “A tragicomédia acadêmica: contos imediatos do terceiro grau”, seu primeiro livro, foi publicado em 1998. Pela Record, lançou, em 2017, o livro de contos “A sábia ingenuidade do Dr. João Pinto Grande”. Yuri foi secretário e webmaster de Hilda Hilst e residiu com ela por dois na Casa do Sol.
Ficha Técnica: O EXORCISTA NA CASA DO SOL
Autor: YURI VIEIRA
Páginas: 238
Preço: 42,90
Editora: José Olympio | Grupo Editorial Record
Fonte: assessoria de imprensa
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