Duas espadas, difusas realidade


A segunda espada, primeira publicação literária de Peter Handke
após receber o Prêmio Nobel, é a antinarração de uma vingança


A segunda espada: uma história de maio é a primeira publicação literária de Peter Handke após receber o Prêmio Nobel de Literatura 2019. Foi aguardada com grande expectativa, sobretudo porque a laureação do autor fez crescer a controvérsia envolvendo seu nome e as guerras na antiga Iugoslávia.

O livro não trata dessa polêmica diretamente, mas, por abordar uma vingança contra uma pessoa da imprensa, há quem diga que o texto é uma “alfinetada” da literatura em certo tipo de jornalismo que insiste em alimentar sensacionalismos.

Romance fora dos padrões e das convenções, e por isso handkeano por excelência, A segunda espada tem um “herói” que abre sua história reconhecendo no espelho diante de si a imagem de um vingador. Esse narrador em primeira pessoa, então, se propõe a vingar sua mãe, acusada por pessoa da imprensa, em um artigo de jornal, de simpatias nazistas. O que ocorrerá com esse projeto de vingança é um biombo para — como sempre em Handke — colocar em cena o ato da escrita.

Seja pela tensão narrativa ou por outras questões estéticas, o fato é que sua campanha vingativa está o tempo todo em digressão. A narração atrasa, como que de propósito, a ação agressiva, preocupando-se em discutir diversas referências literárias, comentar a si mesma e fazer desse adiamento a ação que importa. Feito com a maestria de um escritor que se orgulha em ser sucessor de nomes como Homero, Cervantes, Tolstói, todos estes também excelentes na arte da digressão.

Conforme consta na orelha do livro, “Handke será sempre o mestre das palavras e da desconstrução da realidade pelo texto”.


Título: A segunda espada: uma história de maio
Autor: Peter Handke
Tradução: Luis S. Krausz
ISBN: 978-65-86068-03-0
Formato: 14 x21 cm / 176 páginas
Preço: R$56,00

Sobre o autor:

Peter Handke, nascido em 1942, é austríaco de mãe eslovena, e vive hoje em Chaville, nos arredores de Paris. Está entre os mais importantes escritores e dramaturgos de língua alemã. Recria sem cessar sua escrita e se recoloca sempre como autor. Handke publicou dezenas de obras, entre elas várias que marcaram época, como a peça Kaspar (1968), as novelas ensaísticas como Tarde de um escritor (1987), a série de Ensaios e os romances A mulher canhota (1976), Numa noite escura, deixei minha casa silenciosa (1997) e A noite moraviana (2008). Com Wim Wenders, assinou os roteiros de O medo do goleiro ante o pênalti (1972) e Asas do desejo (1987). Dirigiu ele mesmo uma versão cinematográfica de A mulher canhota. Em 2019, foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura. Dele, esta editora publicou Don Juan (narrado por ele mesmo), em 2007, A perda da imagem ou Através da Sierra de Gredos, em 2009, Ensaio sobre a jukebox e Ensaio sobre o louco por cogumelos, ambos em 2019, e, em 2020, Ensaio sobre o dia exitoso e Ensaio sobre o cansaço. Em 2023, será publicado o basilar Meu ano na baía de ninguém.

Fonte: assessoria de imprensa